Eça de Queiroz foi um escritor que, durante uma parte importante da sua vida, exerceu funções diplomáticas. Criar uma obra escrita foi sempre o seu principal propósito, pelo que o exercício da profissão por que um dia enveredou, depois de outras experiências, acabou por funcionar como uma base, que me atrevo a qualificar de instrumental, para aquele que era o seu objetivo central de vida.
Por muito que se tenha empenhado nas funções consulares que exerceu, nos quatro postos em que atuou, é uma evidência que Eça de Queiroz não veio a garantir, por essa via, um lugar de destaque na história da diplomacia portuguesa. Nem sequer a carreira consular lhe dava, nesse domínio, a menor possibilidade. Mas, para a sorte de todos nós, Eça viria a assegurar um lugar de topo na história da literatura portuguesa. E terá sido a existência proporcionada pela vida diplomática que criou condições, materiais e intelectuais, para poder levar a cabo a sua extraordinária obra.
Proponho-me deixar aqui fixado um olhar - assumidamente leve, impressionista e sem a menor pretensão de exercício académico - para o modo como Eça de Queiroz, na sua obra, em particular na sua ficção mas também em outros dos seus textos, olhou os diplomatas e a diplomacia. Faço-o da perspetiva do diplomata que também fui, notando o modo como o meu antigo colega observou, à época, a função que, no fundo, também nos aproximou.
Na entrada sobre “Diplomacia: experiência e ficção”, que escreveu para o “Dicionário de Eça de Queiroz”, organizado pelo arquiteto Campos Matos (uma relevante figura do queirosianismo, ou do ecismo, como também dizem os brasileiros), a professora Beatriz Berrini afirma que, de toda a sua experiência profissional, Eça optou por retirar, dos diplomatas e da diplomacia, basicamente “uma visão caricatural”. E a isso associa, sem poupar nas palavras, o qualificativo de “pejorativa”.
Julgo que a professora Berrini tem alguma razão. Mas creio que convirá relativizar um pouco essa perspetiva.
Olhemos, assim, para as duas coisas, separadamente: os diplomatas e a diplomacia.
Longe de mim querer colocar-me na soleira do conhecimento que Berrini tem da obra de Eça, mas entendo que, se queremos tratar do caso específico dos diplomatas, então não podemos deixar de reconhecer que, com idêntica facilidade, o escritor fez o mesmo - caricaturas - de tantas outras vidas e profissões, de galãs serôdios a figuras religiosas, de políticos ridículos a ricaços avantajados, de jornalistas venais a expoentes da vida social de trazer por casas lisboetas ou de província - e, desde logo, a algumas personagens femininas, que tratou com um traço às vezes tão grosso que alguns consideram mesmo poder roçar a misoginia.
Eça de Queiroz era um genial caricaturista - e escrevo a palavra com o sentido muito positivo. A caricatura, a simbolização tipificada, com laivos de exagero em busca de um sorriso, de uma determinada natureza humana, é uma arte difícil e requintada, cuja elevação e génio só estão ao alcance de alguns, de muito poucos.
Eça, através da escrita, fazia-o magistralmente - mesmo por antecipação à realidade. Não será por acaso que, ainda hoje, nos cruzamos por aí, todos os dias, com conselheiros Acácios (na linguagem do MNE, alguns terão mesmo chegado a ministros plenipotenciários…), com Melchiores ou Palma Cavalões de alguma malandragem em redações de jornais, com os muitos Abranhos que se pavoneiam, prenhes de vacuidade, pelos Passos Perdidos, com os Alpedrinhas com que tropeçamos nas viagens, com muitos cromos presunçosos como “a besta do Dâmaso”, como João da Ega chamava a um “distinto sportsman” e galã de trazer por casas alheias.
Eça desenhou essas figuras, podemos imaginar que com base em pessoas reais que cruzou, e elas sobreviveram-lhe. Continuam a andar por aí.
Mas regressemos aos diplomatas, o tal mundo que Eça cruzou na sua derradeira e duradoura profissão. Berrini identifica, muito bem, as duas figuras mais notórias que Eça recortou para a sua ficção: Camiloff, no “Mandarim” e, nos “Maias”, essa figura única que é Steinbroken.
Berrini afirma que Eça os mostra, a todos eles, “preocupados com futilidades, de uma credulidade ingénua aliada a uma vaidade tola, com inteligência e cultura extremamente limitadas, utilizando frases que os identificam de imediato”.
Camiloff, se bem que mereça a Eça bem mais linhas, acaba, a meu ver, por ser um desenho bem menos elaborado do que Steinbroken. Colocá-lo a dizer, num deliberado ridículo, coisas redondas e patetas, viria a antecipar alguma literatura universal, quer a “menos grande”, como a de Roger Peyrefitte, no “Les Ambassades”, ou outra bastante melhor, como Lawrence Durrell, no “Sketches from Diplomatic Life”.
Ao contrário de Steinbroken, Camiloff aparece citado sempre em português, o que nos retira a “nuance” daquilo que o seu caráter especificamente russo poderia carrear para o discurso. O mesmo se passa com Meriskoff, autor da histórica referência à “questão social” em França, um mote que viria a tornar-se clássico na ironia de muitos queirosianos.
Ouçamos, por instantes, Camiloff, na carta a Teodoro, no “Mandarim”:
“Deu-se aqui um facto abominável e de consequências funestas: a ministra de França, essa petulante madame Grijon, esse galho seco (como diz o nosso Meriskoff), no último jantar da Legação, deu, em desprezo de todas as regras internacionais, o braço, o seu descarnado braço, e a sua direita à mesa a um simples adido inglês, lorde Gordon! Que me diz a isto? É crível? É racional? É destruir a ordem social! O braço, a direita, a um adido, um escocês cor de tijolo, de vidro entalado no olho, quando havia presentes todos os embaixadores, os ministros, e eu! Isto tem causado, no corpo diplomático, uma sensação inenarrável... Esperamos instruções dos nossos Governos.”
Steinbroken é de outra cepa. Mais contido, igualmente tonto, mas portador de um outro estilo, exprimindo-se em francês, a língua diplomática de então, o que ajuda bastante a marcar a sua identidade única. Campos Matos chama-lhe “diplomata solene, formal, bacoco, sempre receoso de afirmações políticas comprometedoras”. “Em tudo, um medíocre”.
Contudo, tenho de confessar uma fraqueza: gosto muito de Steinbroken! É uma figura do álbum de personagens de Eça que sempre me fascinou, não obstante todo o seu comportamento, no traço do escritor, contribua decisivamente para a menorização fácil da profissão diplomática. Ao recortá-lo, nas noites de tertúlia em casa dos Maias, Eça quis sempre insinuar que o seu tipo caraterístico representava o desvio, quase padrão, daquilo que um diplomata deve ser.
No formidável ministro da Finlândia, Eça foi colocar todos os vícios amáveis de um imenso bobo da corte social do Ramalhete. O “barítono plenipotenciário”, designação magnífica colocada na boca de João da Ega, cumula todos os tiques daquela ideia feita de que um diplomata é alguém que pensa sempre duas vezes antes … de não dizer nada. No caso de Steinbroken, de dizer umas coisas vagas e crípticas, obviedades que são meras bengalas alternativas para não ter de se sustentar num incómodo silêncio.
Naquela exigente e delicada corda-bamba, numa existência sem arriscar a afirmação de ideias firmes em contextos sociais, Steinbroken lembra-me muitos colegas que conheci, que têm nome mas que não interessa para aqui nomear. Gente que, a uma qualquer pergunta, responde de imediato com outra, como que a “passar-nos a bola”, para não ter de se comprometer com essa coisa pesada e corajosa que é dar uma qualquer opinião.
Steinbroken é o rei da neutralidade, é a personificação da “finlandização”, bem “avant la lettre”, é o mestre do não-dito, da frase equívoca pela sua redondeza, cujo sentido nunca pode ser citado como afirmativo de algo de concreto, nomeadamente sobre alguém, porque uma interrogação, que ele espera que seja facilmente partilhada pelo interlocutor, lá virá sempre no fim: “Il est fort! Excessivement fort! Et pourtant où va-t-il?”.
Mas todos sabemos que Eça não se fica pelo esboço das figuras estrangeiras, o que nos seria bem mais confortável. Num aparte de uma senhora a Carlos da Maia, aí fica o nosso retrato: “… a quantidade de monos e de tolos que nos representam lá fora até nos faz chorar. Pois o menino não acha? Isto é um país desgraçado!”
Eça, fora dos romances, foi bem mais longe: dissecou e desmontou, com bisturi e adjetivos cortantes, os vícios e as marcas que atribuía aos praticantes da profissão que ele próprio escolheu. É verdade, mas a arte da caricatura é exatamente isso, é o exagero do que diferencia, é o ato de sublinhar o que se aproxima do risível.
Ouçamos, numa citação que assumo um tanto masoquista, este retrato poderoso:
«Se a esses cavalheiros que têm sido ministros e encarregados de negócios em Londres, em Berlim, em Paris, em Madrid, em Bruxelas [...] com os seus secretários de embaixada, os seus adidos, os seus ordenados, despesas de representação, despesas de expediente, despesas secretas, etc., uma voz impertinente perguntasse: -'Como têm VV. Ex.as desempenhado as suas missões? Que tratados vantajosos têm alcançado para o nosso País? Que estabelecimentos portugueses têm lá favorecido? Que serviços internacionais têm regularizado? Que relações sólidas têm obtido para a nossa pequenina nação? Que estudos têm feito sobre a organização e instituições desses países? Em que sábios trabalhos as têm aconselhado para nosso progresso? Que conhecimento têm dado aos estrangeiros das nossas instituições, do nosso comércio, da nossa ciência? Etc.? Etc.?' - SS. Ex.as a tais interrogações ficariam pálidos de surpresa! Os nossos diplomatas inteiramente ignoram que estes sejam os seus encargos. Nenhum curso lhos ensinou, nenhuma lei lhos incumbiu. Eles seguem a velha tradição de que a diplomacia é uma ociosidade regalada, bem convivida, bem comida, bem dançada, bem gantée, bem voiturée, com bons ordenados e viagens pagas. Estão ali para serem diplomatas de gravata - e não para serem diplomatas no espírito: e achariam um abuso inclassificável que os tivessem nomeado para marcar o cotilhão e no fim lhes exigissem relatórios.”
Essa foi demasiado cáustico? Quem conhece toda a obra de Eça de Queiroz percebe bem, que por detrás do seu infindável rol de críticas ao ridículo de muito daquilo que o rodeia, vive uma espécie de nostalgia por um mundo lusitano que, afinal, não é o que podia ser, embora tente fingir que o é. E isso é que exaspera Eça, é esse “faz de conta” nacional, é a imitação serôdia da grandeza e do estilo, é, no caso da diplomacia, a vacuidade do discurso daqueles que conseguem não dizer nunca nada de jeito, embora conseguindo a proeza notável de o fazerem em várias línguas…
Eça é um homem atento ao clima político europeu da sua época. Em análises muito afirmativas, como em algumas “Cartas de Inglaterra” ou “Bilhetes de Paris”, é perentório sobre certas realidades internacionais, com juízos rápidos, aqui ou ali um pouco ligeiros, sobre figuras políticas de topo ou acontecimentos de circunstância. Vê-se isso em textos de recorte jornalístico, onde ele sabe ligar o quotidiano que está a viver à História que bem conhece, daí tirando conclusões às vezes um tanto arrojadas, sobre situações globais complexas.
É talvez a noção clara de que o mundo vivia então tempos trágicos, equilíbrios precários, com a paz em risco e a necessidade de tudo dever ser feito para a salvaguardar que, a meu ver, o leva a contrastar, dando-lhe uma forma quase escandalosa, essa efetiva gravidade das coisas com a “gravidade” fátua dos salões diplomáticos, da conversa mole e desinteressante, do gosto obsessivo pela forma - aquilo a que, nas Necessidades, chamamos os “sinais exteriores da carreira”. É como que uma acusação de irresponsabilidade, denunciando o caráter fátuo que retira da ligeireza do comportamento dos rigorosos mediadores da política que os diplomatas deveriam ser.
Eça é um perfecionista frustrado. Não só o nosso país, para ele, está muito longe de ser aquilo que ele gostaria que o país fosse, como esse mesmo país, na sua perspetiva, numa preguiça atávica e melancólica, se agarra, em desespero, à imagem de um Portugal antigo, decadente, com glórias duvidosas ou hiperbolizadas.
A diplomacia nacional, pressente-se na escrita de Eça, deveria constituir-se como uma elite ativa para a modernidade, em favor da projeção externa do país, não o que lhe parece ser um sorvedouro do erário, sem grande préstimo e utilidade.
É verdade que há ali muito de exagero, mas a graça de Eça de Queiroz, aquilo em que, no fundo, o admiramos e invejamos, é essa maestria com que maneja esse mesmo excesso, o adjetivo ácido e às vezes surpreendente, o menor ponto frágil que deteta e logo magnifica, de uma forma ímpar na nossa literatura.
Podemos hoje supor - diria mesmo, assegurar - que a imagem da diplomacia que Eça deixa nas “Farpas”, em 1871, que ficou no texto extraído de uma peça bem mais longa, seja bastante livresca e muito pouco vivida. É que, em 1871, Eça não era ainda diplomata. E, para um jovem de 26 anos, a reagir então, com a raiva do seu radicalismo, contra o mundo e o estado de coisas à sua volta, aquela severa descrição do comportamento e da diplomacia da pátria devia provir muito mais da imaginação e dos textos lidos do que da prática do que efetivamente ele vivera na sua existência, até então.
Aquele qualificar desdenhoso das liturgias e dos ademanes diplomáticos, que hoje adoramos ler e que, aqui ou ali, é mesmo confortado pela nossa memória pessoal sobre figuras que fomos conhecendo, é um somatório crítico que, pela certa, lhe terá garantido, à época, um público aplauso.
Eram isso mesmo “As Farpas”, esse espaço crítico onde, ao lado de Ramalho, zurziu meio Portugal. E devemos sempre ter presente que a análise da diplomacia é, nesse contexto, apenas uma gota de água, num oceano de desbaste de uma sociedade que estava mesmo “a pedi-las”.
O que Eça ali avaliava era o Portugal naquele quarto final de século, imerso numa decadência que a perda do Brasil já antes tinha acentuado de forma irreversível, em que o marasmo do rotativismo, após a tragédia da guerra civil, funcionava como uma acalmação institucional, que dava um relativo sossego ao país, mas nem de perto nem de longe lhe resolvia os problemas, num tempo de uma difícil relação, inesperadamente ciclotímica, com a tutela britânica. Era um ambiente de “finis patriae”, que dava pasto ao catastrofismo tremendista dos “Vencidos da Vida”, que fazia desesperar quem, por cá, ansiava por beber da contemporaneidade que só o Sud lhes trazia, em volumes, de Paris.
O mais interessante - e Beatriz Berrini não deixa de o sublinhar - é que, menos duas décadas depois, com Eça já em plenitude de funções como diplomata na área consular, ele deixe reeditar esses mesmos textos, selecionados de “As Farpas”, no “Uma Campanha Alegre”. É que aí, essa litania cáustica que ele tinha desenhado, ressurge no seu traço bem forte, mas agora dirigida à própria classe a que já estava profissionalmente ligado. E fá-lo (aparentemente, porque não cotejei os textos) sem alterar uma vírgula, sem amenizar o estilo, a forma e, muito menos, o conteúdo. E como diria o seu clássico colega de ficção, aquilo é que era, de facto, “fort, excessivement fort!”.
Por que é que Eça de Queiroz chega a este ponto, de certo modo exercendo uma espécie de auto-flagelação corporativa?
Eça, homem imensamente culto, não desconhecia - ou tinha-o aprendido, entretanto - que a diplomacia é uma atividade que se baseia na observância de um certo tipo de rituais, que embora criados na cultura europeia, acabaram exportados, com inegável sucesso, para todo o mundo. Alguns, vindos de fora daquela “freguesia” profissional, estranharão, ainda hoje, que um diplomata da Polinésia ou da Mongólia use fórmulas idênticas, no seu comportamento protocolar ou escrito, bilateral ou multilateral, às de um seu colega da Estónia ou do Paraguai. Ora isso acontece porque a diplomacia, na sua linguagem própria, se mantém como uma espécie de esperanto de interlocução política, para facilitar as relações entre os representantes de povos com culturas e usos muito diferentes.
Quando Eça de Queiroz fustiga a patine formal da diplomacia, ele sabe bem, lá no fundo, que ela é essencial e inescapável para o exercício prático do diálogo e do entendimento entre os países. O que ele procura, e bem, é destacar, através do tal traço crítico excessivo, os aspetos risíveis do modo como muitos diplomatas se comportam, embebedados na forma e nas maneiras, alguns convencendo-se de que os cocktails e os salamaleques são o alfa e o ómega daquela vida.
É que, na realidade, há de facto muitos diplomatas que desconhecem ou já esqueceram - e o texto vivo e feroz de Eça que lhes li pode ajudar a acordá-los por aí - que, sendo a forma também parte do conteúdo, o excesso de enlevo no cultivo dos aspetos formais é, em si mesmo, um modo de desbaratar e empobrecer o conteúdo da função que exercem. O ridículo, na vida diplomática, está quase sempre muito próximo de uma vénia ou de um croquete ou de um dichote de circunstância.
Saber distinguir o que é relevante que se diga ou faça daquilo que é apenas acessório e dispensável, como aquilo que Eça vergasteia com a genialidade que é a sua, faz toda a diferença entre um pavão com casaca ou fardão da carreira e alguém que sabe que é, muito simplesmente, pago para, lá fora ou cá dentro, ser útil aos interesses do seu país. E, de caminho, não prejudicando, pelo modo como atua, a imagem daquilo e de quantos lhe cumpre representar - o que deveria ser a preocupação de todos e às vezes, e infelizmente, o não é - hoje como no tempo de Eça.
Esta é, para mim, a principal lição da caricatura que Eça faz da diplomacia e de alguns dos seus atores. Nunca me assustou difundir e repetir, alto e bom som, o traço irónico com que Eça desenhou os aspetos caricatos do exercício, quando feito em tons que convocam o ridículo, da profissão que tive a honra de exercer durante quase quatro décadas. Mas também porque, tendo-me cruzado com alguns “cromos”que estariam confortavelmente numa mesa de whist com Steinbroken, acho muito bem que tais espécimens sejam alvo de algumas saudáveis gargalhadas. E a extraordinária escrita de Eça é sempre um excelente pretexto para as darmos.
* Este texto baseia-se numa palestra proferida no Grémio Literário, em Lisboa, em 16 de setembro de 2021, no âmbito de uma sessão dedicada ao tema “Eça diplomata e a diplomacia em Eça”.
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