18 de dezembro de 2009

A diplomacia e as empresas

O ano de 2009 termina com o surgimento de algumas notas de moderado optimismo para a generalidade das economias da zona euro, que apontam para a possibilidade de virem a ter condições de recuperar um caminho de crescimento. Esta é uma boa notícia para países como a França e Portugal, cuja saída da recessão técnica teve lugar ao mesmo tempo, muito embora a capacidade de recuperação das respectivas economias se não possa comparar, da mesma maneira que foram diferenciados os efeitos da crise sobre o seu tecido económico e social, nomeadamente em matéria de emprego.

Numa situação de normalidade, e num quadro de relação económica íntima como aquele que existe entre Portugal e a França, marcado pela presença de empresas de um país no território de outro, bem como por importantes fluxos de exportação, o trabalho de um embaixador é de mero “facilitador” das actividades empresariais. O nosso papel, no essencial, é procurar novas áreas de oportunidade para os agentes económicos, tentando limitar ao mínimo as dificuldades dos que já se encontram no mercado.

Em situação de crise, porém, a nossa actividade passa a ter uma lógica um pouco diversa, mais complexa e com maior grau de incerteza de resultados. Por um lado, temos de procurar garantir que as empresas francesas que já operam em Portugal têm, a todo o momento, o apoio e o estímulo oficial português para prosseguirem a sua actividade, para manterem os postos de trabalho já criados e para sedimentarem os seus investimentos. Além disso, e mais do que nunca, há que estar atento às hipóteses que se possam abrir para que novos operadores franceses possam aceder ao nosso mercado, explorando as oportunidades que surjam e os incentivos que possam ser proporcionados.

Do mesmo modo, e no tocante aos empresários portugueses que procurem o mercado francês, o nosso objectivo é garantir que os nossos serviços de promoção comercial e de investimento – a AICEP – lhes possam fornecer todos os instrumentos de auxílio para operarem no mercado francês, ajudando-os a encontrar os contrapartes certos e facilitando a sua “leitura” deste mercado.

O que acabo de referir tem um objectivo prático: deixar claro às empresas, portuguesas e francesas, aquilo que os serviços da Embaixada podem fazer por elas. Os agentes económicos que operam no mercado luso-francês devem saber que podem contar com todo o meu empenhamento, pessoal e institucional, com vista a potenciar os seus negócios.

No próximo ano, irá ter lugar uma cimeira bilateral franco-portuguesa, que reunirá ambos os governos numa reflexão conjunta que sempre constitui um estímulo político para um conjunto de acções a desenvolver no futuro imediato. Tenho esperança que possamos dar a esta próxima reunião um sentido muito prático, em especial pela sua concentração em domínios operacionais que possam funcionar como estimulantes para o reforço do relacionamento económico bilateral.

Portugal e França, independentemente da dimensão desigual das suas economias, demonstraram ter muitos pontos comuns na abordagem de alguns dos desafios que esta crise lhes colocou. Essa constatação levou à adopção de “terapêuticas” similares para fazer frente a algumas disfunções que as respectivas economias revelaram. Tudo indica que, no futuro, os seus caminhos para a saída da crise se voltem de novo a encontrar, tanto mais que enfrentam alguns desajustes macro-económicos de idêntica natureza.

Em todo este trabalho, para as reflexões que devem anteceder as decisões a tomar a nível político, o papel da Câmara de Comércio é vital e central, em face da sua profunda inserção no tecido empresarial português em França e no empresariado francês com interesses em Portugal. Gostava de deixar muito claro que a Câmara de Comércio é hoje o primeiro e principal parceiro da Embaixada portuguesa em França nesta batalha positiva em torno da plena recuperação da dinâmica da actividade económica bilateral.

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