17 de outubro de 2011

Homenagem à Fundação Calouste Gulbenkian

Permitam-me que comece por saudar o senhor ministro Nuno Crato, que temos o gosto de receber nesta sua casa pela primeira vez. Não vale a pena falar das dificuldades do lugar que exerce: outras pessoas aqi presentes, nomeadamente anteriores titulares da pasta que hoje ocupa, estariam bem mais qualificadas para o fazer. Apenas quero aproveitar esta ocasião para lhe desejar, com toda a sinceridade, as maiores felicidades para as tarefas que tem pela frente. É do sucesso da sua ação que vai depender muito do futuro do nosso país.

Hoje celebramos o primeiro dia do resto da vida da Fundação Gulbenkian em Paris. Foi por isso que fiz chegar à Fundação o meu desejo de associar a representação do Estado português em França a este dia, com a organização deste almoço.

Este poderia ser uma espécie de almoço de amigos, porque tenho o privilégio de contar com muitos bons amigos na Fundação Calouste Gulbenkian, na sua administração como em vários dos seus colaboradores, desde logo, a começar pelo seu presidente, Dr. Emílio Rui Vilar.

Mas esta é uma ocasião um pouco mais formal, em que, como Embaixador de Portugal em França, tenho a oportunidade de relevar o excelente trabalho que a Fundação leva a cabo, desde há muitos anos, neste país.

A Gulbenkian é uma outra embaixada nossa em Paris, é uma bandeira da cultura portuguesa em França e é um nome que consigo acarreta um grande prestígio para Portugal. Digo-o como embaixador, mas digo-o também como cidadão, pelo grande orgulho que sempre sinto ao notar o modo como a Fundação Gulbenkian se e nos prestigia, um pouco por todo o mundo.

Tenho pena de não ter aqui espaço, nesta ocasião, para poder homenagear, várias pessoas que, como diretores do Centro Cultural Gulbenkian em Paris, honraram a Fundação e nos honraram a todos. Algumas já desapareceram, outras estão, felizmente, entre nós. E não podendo fazê-lo a todos, permitam-me que o faça, em sua representação, na pessoa do seu atual diretor, o Dr. João Pedro Garcia.

Para além de um estimado amigo pessoal, o Dr. João Pedro Garcia foi para mim, ao longo destes quase três anos que levo de Paris, uma figura que soube estabelecer com a embaixada uma relação de extrema lealdade e colaboração. A vida dá muitas voltas, mas as voltas da vida não nos devem afastar do dever de ser gratos a quem se manteve solidário e colaborante conosco. Por isso, ao Dr. João Pedro Garcia, quero expressar o meu muito obrigado por tudo.

O senhor presidente vai-me permitir que tenha, nesta ocasião, uma palavra especial sobre a residência André de Gouveia. Falo dela hoje, porque o seu nascimento, explícita ou implicitamente, está ligado ao Centro Cultural, que hoje muda de endereço. A residência André de Gouveia, que hoje, na Cité Universitaire de Paris alguns já tratam apenas por RAG, mas que eu teimo em designar por Casa de Portugal, tem uma história e uma memória que nos deve orgulhar a todos. O seu destino evoluiu, entretanto, no plano administrativo, mas gostava de deixar claro – e o senhor presidente da Fundação sabe isto bem - que, pelo menos durante o tempo em que eu ainda vier a permanecer em Paris, manterei a firme determinação de tentar que ela conserve bem viva a sua matriz portuguesa. A colaboração que, por intermédio do Instituto Camões, tenho procurado assegurar à atividade cultural da Casa de Portugal, pode ser testemunhada pelos dois diretores com os quais, sucessivamente, tenho cooperado, o dr. Manuel Rei Vilar e a Dra. Ana Paixão. E ela vai continuar, sem falhas

Para além da administração da Fundação Gulbenkian e de alguns dos seus colaboradores, tenho hoje o grato prazer de ter aqui comigo alguns colegas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que saúdo, nesta ocasião

Começaria pelo chefe da carreira, o secretário-geral do MNE, o embaixador Vasco Valente, que, bem melhor do que eu, aqui representa a nossa “casa”. Se há colaboração entre instituições que julgo que tem funcionado de forma exemplar no nosso país – e os exemplos não são assim tantos como isso… - creio que essa é a ligação entre a Fundação Calouste Gulbenkian e a diplomacia portuguesa, pelo que é para mim um grande prazer que a presença do embaixador Vasco Valente a possa aqui simbolizar.

É também uma feliz coincidência que esteja hoje colocado em Paris o embaixador Luís Castro Mendes, como representante português junto da UNESCO, uma figura consagrada da nossa literatura, que acumula com a circunstância de ser um dos mais qualificados diplomatas da sua geração – que, por acaso, é também a minha. Num dia em que homenageamos a Fundação Gulbenkian, é-me grato ter a meu lado o embaixador Castro Mendes, alguém que muito dignifica a dimensão cultural da nossa diplomacia.

Deixei para o fim uma menção à presença do embaixador Leonardo Matias. Fiz isso de propósito, porque quero que as minhas últimas palavras sejam sobre os primeiros tempos. Para além de ser uma reconhecida grande personalidade da nossa história diplomática recente, a presença do embaixador Leonardo Matias dá-me o ensejo de evocar aqui um tempo importante desta bela aventura que é a Fundação Gulbenkian. É que foi graças ao seu pai, uma figura ilustre da diplomacia portuguesa, ao seu génio negocial e ao estatuto que soube ganhar, ao longo de anos, na sociedade política francesa, que foi possível concluir o difícil acordo que permitiu transferir, de França para Portugal, o espólio artístico com que se iniciou o museu Gulbenkian em Lisboa. É um grande gosto poder ter ocasião de homenagear, desta forma simples, mas com grande sinceridade na minha admiração, o diplomata ilustre que foi Marcello Mathias, também ele – convém lembrá-lo - um homem da cultura e da literatura.

Estou certo que todos desejamos que a nova Gulbenkian de La Tour Maubourg tenha um sucesso pelo menos tão grande como aquele que viveu durante tantos anos na avenue Iéna, de que eu, confesso, já tenho algumas saudades.

(Intervenção proferida no almoço de homenagem à Fundação Calouste Gulbenkian, Paris, 17.10.11)

1 comentário:

  1. Senhor Embaixador,
    Partilho as suas bonitas palavras de homenagem à Fundação Gulbenkian em Paris.
    Aguardo com curiosidade e emoção a programação da Gulbenkian "La Tour Maubourg" e, como o Senhor, já tenho saudades do "magnifique hôtel particulier de l'avenue d'Iéna" que visito regularmente, sempre com prazer e orgulho, há mais de 30 anos.

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